sexta-feira, 29 de julho de 2011

Surpreenda-se

De que adianta uma centena de poemas em que as verdades ditas são enfadonhamente redundantes?
Preso pelas cordas da ilusão no quarto do passado, coberto de saudades a se recusar abrir a porta que deixaram apenas encostada.
De que adianta o esboço de ideias que assolarão o mundo em inercias.
Fale sobre os encantos, sobre o eterno surpreender-se que é a vida.
Viva a surpresa, viva os encantos, desfrute o amor.
Abandone essa saudade.
Abandone a ilusão da espera, do retorno.
Quem poderá utilizar o pretérito para justificar sentimentos de outros?
Abra os olhos para tudo que a vida trás,
Feche os olhos se não conseguir enxergar nada além de seus medos, todas as coisas que te assustam.
Perca se no aconchego de novos abraços e o amargo de seu coração não corromperá os lábios que te beijam.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Casamento!

Acordei e me deparei a pensar em casamentos.
Começaremos ignorando a certeza que tenho de que não passarei por esse momento da vida. Não que sempre tenha sido assim. Por um curto espaço de tempo acreditei que eu tinha sido ingênua e que com certeza compartilharia de bons momentos de convivência com um certo alguém. Mas a vida é um eterno surpreender-se. Hoje aprendi amar as surpresas, todas as mudanças de conceitos, os encantos de novas pessoas, o certo virando errado, os sonhos a tornarem nostalgia. A vida a nos mostrar algo novo. Quem sabe daqui algum tempo morrerei de rir com essas palavras.

Voltando ao casamento.
Começo a definir casamento de duas formas: festa social e relacionamento construído entre duas pessoas.
O que realmente estava a pensar ao acordar depois do rápido sono da tarde é que tenho medo dessas festas sociais.
Não sou o tipo de pessoas que tem a sorte de momentos tranquilos. Sou um personagem dos contos de Ruben Fonseca ou ainda dos filmes de Woody Allen. As coisas não estão estáticas e Morphy consegue acertar todas. Imaginei uma igreja cheia de flores, um noivo de sorriso lindo me esperando no final do imenso corredor, uma orquestra formada por meus grandes amigos a tocar a minha canção preferida de Beethoven, uma amiga a negar uma dose de tequila, um abraço demorado, a dose de tequila, portas a se abrirem. Esse sem dúvida deve ser o pior momento da vida de um ser humano. Todas aquelas pessoas a olharem e analisarem uma só pessoa e sem dúvida acreditam que tudo ali não durará uma semana, um mês, um ano. Sua felicidade em cheque perante a sociedade, lágrimas, uma vida a dois a ser divididos com trezentos seres desconhecidos. A música da entrada, para onde se deve olhar? Nada de fitar as unhas que provavelmente estarão pintadas com singelas cores que não são de uma preferencia pessoal, nada de olhar para os lindos sapatinhos e para o chão da igreja já não tão limpo por causa do casamento que ocorreu horas antes, nada de olhar para os convidados que analisam desde a cor horrorosa de suas unhas, ao sapato, joias e claro o vestido. Como se não bastasse a análise de todos os elementos acima citados ainda analisarão O SEU CABELO. Desmaia.
Para os seres de sorte que saberão para onde olhar, o que fazer com as mãos e como parecer calma e singela até aí tudo bem. Mas e para os seres que como eu não possuem o elemento sorte em seu DNA. Cujo tudo tende a dar errado independente do que se faça para evitar? Simplesmente irei tropeçar no tapete vermelho, escorregar no chão liso, esbarrar um pé no outro, quebrar o salto e se nada disso acontecer ao longo do percurso uma criança de nariz escorrendo colocará seu minúsculo pé no meio do caminho te fazendo cair de cara no chão. Se uma criança não aparecer um duende aparecerá.
Findada a longa caminhada para o encontro trágico com o destino, restará ao invés do sim recitar os votos completos, errar seu nome ao assinar os papeis, errar o nome do noivo quando for dizer os votos corretamente e manter a calma quando aquele guri que te escrevia cartas na sexta série se manifestar contra o seu casamento afirmando a ele pertencer todos os sentimentos mais verdadeiros e que nem a eternidade apagará o que sente por ti e por fim recitar o primeiro poema que escreveu para você em que dor e amor eram rimados com maestria.
Sobrevivendo a tudo isso restará mostrar aos convidados a falta de talento para a dança, o quanto cortar um bolo pode ser uma atividade complexa, como sobreviver a um engasgamento na hora do jantar. Quando a única coisa que você desejar for ir para algum lugar com o seu enfim marido descansar e fugir de todo aquele pesadelo o carro arrumado por seus amigos, sim um calhambec como em seus sonhos, irá pifar e você sendo convidada a empurrar se entregará às lágrimas.
Uma semana depois, ao pensar que ninguém mais se recordava dos desastres da tão esperada noite de casamento, você e seu marido irão escolher as fotos do álbum de casamento. 300 fotos para comporem um álbum você extremamente horrível em todas, podemos desistir das fotos *---*?

Sim nobres leitores, se um dia tiver um casamento será exatamente dessa forma. Para não ficar extenso posto depois a segunda concepção de casamento: Relacionamento construído a dois. 

domingo, 10 de julho de 2011

Vidrinhos em formato de gota d’agua

Menina quieta, vidrinhos em formato de gota d’agua grudados nos olhos; foi o que pensou a senhora que por ali passava, não percebeu que os prismas logo tornaram-se cascata. 

A última carta?

Pensei em novamente te agradecer, dessa vez pela facilidade em te amar.

Citar todas as delícias que a naturalidade dos sentimentos me fez provar, redundar-me em palavras e lembranças, detalhes por ti já tão conhecidos. Auto-afirmação feminina sempre necessária.
Foi quando me deparei com a inverdade de minha narrativa. Dizer que te amar foi fácil excluí o encanto do começo de nossa pré-história. Exclui as dúvidas sobre o que sentia, a tortura de cada insinuação de qualquer amiga

O jeito prestativo, a excelências naquilo que se propõe a fazer, todos os pontos cardeais das minhas orientações cartográficas cardíacas orientadas em um desejo desesperado de guardar tudo no baú da amizade e a sutileza da necessidade de ter alguém tão singular protegido de todos os males desse mundo pelo poder dos abraços.
Bem pesado e bem medido, não foi e nem é fácil te amar nem tão pouco difícil; apenas real
.


 
  *Ilustração retirada do blog: elefante verde de Radael Júnior.*

De-bater (Incompleto)

E o coração a se debater.
Um momento de sossego, abraços capazes de cessar toda a tormenta, voz suave a tranquilizar. Mãos dadas, uma dança, copo de vinho. Silêncio. Desabafos e confiança. Constante construção daquilo que são, daquilo que é, dos sonhos, história, da vida. Justificar sua felicidade em um sorriso, um par de olhos brilhantes, um coração feito de diamantes. Justificar ações pela felicidade causada a outro. Doar pedidos às estrelas cadentes. Coração pleno.

Coração filofóbico, medo insano de se apaixonar, medo de se perder. Medo das lágrimas, medo de tudo mudar de repente. Quando o amor acaba e ninguém te avisa. Medo do que vai embora, do que se perde e do que fica. Coração que se joga no chão a tremer quando em voz de assalto anuncia-se uma nova paixão, encantos múltiplos a causar-lhe atrofias. Coração doente.
Ninguém assinou os papéis. Nada estava realmente especificado em nenhum contrato seja ele verbal ou não verbal. A verdade é que tudo foi sendo dito devagarzinho, daquele jeito sutil tão coerente e compreensível que se fosse diferente não faria tudo ser natural.


Natural. Quem é capaz de dizer que nos conhecemos e ainda mensurar o tempo, proferir uma data, improvisar um horário. Tudo aquilo que sempre fomos, recriado e reconhecido. 


As vezes parece que ninguém pensa a respeito do propósito disso tudo. Uma tranquilidade desequilibrada a condenar meu desassossego.

*Texto que não terminei. Perdi o sentimento que me envolvia, perdi o sentido das palavras, os motivos, as finalidades. Nasceu provavelmente na falta de totalidade, vive sem finalização. Assim como aquela que o escreveu.* 

Eclipse

Preciso de algo além da mais bela noite de lua cheia.
Não aprendi com os felinos nada sobre o luar.
Na minha clássica cena de amor não há sombra alguma formando eclipse em minha lua.
Existe um olhar questionador portador das urgentes aflições do desejo.
Curiosas mãos a percorrer a textura de meu rosto, afastar os fios de cabelo que teimosamente encobrem meu pescoço e ombro. 
Ombro; onde as mãos se detêm deixando respostas óbvias para atiçar minhas ações.
Em minha clássica cena de amor não tem eclipse lunar.